terça-feira, 8 de novembro de 2011

Paga-pau de gringo ou apenas seletivos?


Edu Falaschi deu uma declaração para a Rock Express que, no mínimo causou espanto nos headbangers do Brasil. (Se você ainda não viu, deixei o link no final do texto).

As opiniões foram completamente divergentes: há aqueles que apoiaram e aqueles que execraram. Eu voto na coluna do meio.

Polêmica a declaração? Óbvio. Cheia de verdades? Também.

Mas também, cheia de enganos e de prepotência.

O primeiro engano é a classificação de Sepultura e Angra como as únicas bandas relevantes brasileiras, ou as únicas que façam metal. É querer ignorar a Overdose - que fez história: começou ao mesmo tempo que Sepultura, fez muito sucesso, mas acabou.

É ignorar outras também como Sarcófago que é considerada por muitos co-fundadora do Black Metal junto com o Venom.

Há ainda outras que estão na ativa em Minas, que não deixam a desejar: Chakal, Witchhammer, Concreto, Cartoon (bandas que vão do rock and roll ao metal - incluindo suas vertentes como o thrash).

O segundo engano é colocar todo o público fora do nordeste no mesmo saco. Por exemplo, em Minas, especialmente na cidade onde moro (Conselheiro Lafaiete), há festivais e eventos que prestigiam bandas locais e do cenário metal nacional, com público que beira 400 pessoas em, pelo menos, 3 edições anuais.

Então, se o público de algumas cidades não está satisfatório, ou não prestigia ou não vai a eventos e shows, o artista deve abrir os olhos para outros públicos, de outras localidades, de outros estados.

Nenhuma das bandas - seja de Minas, seja de fora, que tocou nos festivais organizados pela Sabazinho Produções tem o que reclamar do nosso público de Lafaiete e região, por exemplo. Aqui, prestigiamos as bandas que gostamos, vamos a seus shows, compramos seus CDs originais, suas camisas e ajudamos a sustentar a sua arte.

Há ainda o Camping Rock, evento que ocorre todo ano, há mais de década, sempre em uma cidade interiorana próxima à capital durante o qual cerca de 2.000 pessoas acampam ao longo ou do feriado prolongado do 1º de maio, ou do Corpus Christi. Durante quatro dias curtimos shows de bandas de várias vertentes do rock and roll - vê-se de tudo lá: Metal, Thrash, Rock, Folk, Prog - uma salada deliciosa e de público cativo. Não esqueçamos o Roça in Roll em Varginha - outro festival de público vasto e que comprova que existe sim, Metal em outros locais que não no eixo Rio-São Paulo, tão prestigiado e favorecido pelas produtoras e organizadoras de shows - sejam eles nacionais ou internacionais. Então, público há - estamos sempre lá: nos divertindo, mas também comprando, gastando e ajudando a sustentar o nome do Metal e do Rock and Roll brasileiro.

Mas, é claro que também vamos aos shows internacionais - são músicos que amamos desde pequenos como AC/DC, Judas Priest, etc. Isto não faz a mim nem ao pessoal daqui preconceituoso e nem paga-pau de gringo. Simplesmente vamos aos shows de quem gostamos - seja de fora, seja do Brasil.

Porém, há que se dizer que é uma grande verdade o fato de que a música passa por um momento de transição onde artistas de todos os estilos passam por dificuldades. E que, realmente, a contra-partida de o artista oferecer trabalho de qualidade é o público sustentá-lo pagando por sua arte - seja em shows ou na forma de CDs, DVDs, etc. Aí, chega-se no impasse do gosto pessoal - afinal, eu pago por aquilo que gosto e nada mais. Assim, se o Angra ou Almah, ou mesmo as bandas que citei, das quais gosto muitíssimo, deixarem de me oferecer o som que me agrada - não precisa me esperar no show e nem contar que eu vá comprar seus CDs (sendo o oposto também verdade).

Outro detalhe é a questão da divulgação - o que eu observo é que, ao contrário do que acontece com as bandas estrangeiras de renome que fazem show no Brasil, que contam com produção e marketing excelente, a maioria das bandas nacionais de Metal ao fazerem os seus, divulgam-nos nas suas redes sociais e em determinadas cidades - quem é de fora, nem fica sabendo. E se fica, é só depois que já passou. Assim, é realmente impossível alcançar a lotação desejada!

Agora, se o público de determinados lugares não comparece, me pergunto: por que insistir em fazer shows onde as pessoas não querem comparecer?

Enfim, se o Edu ou qualquer outro ou qualquer banda que tocou em festivais ou eventos sem público, ou com público de 100 pessoas, como ele mencionou, venha tocar em Minas, mais especificamente em Lafaiete - nós aqui, com o pessoal da região, oferecemos público fiel e, pelo menos, 4 vezes maior que isto. Venham tocar no Rising Metal Fest, no Heavy Fest ou no Metal Age. Em Viçosa também há o Viçosa Metal Fest, que também conta com público maior do que o comentado pelo cantor.

O público de Minas é fiel e prestigia: é bom lembrar que o estado, mais especificamente Belo Horizonte, é considerado o berço do Metal no Brasil.

Prestigiamos, sim - mas, desde que o som oferecido esteja a altura, é claro.

Rock Express: declaração de Edu Falaschi

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