domingo, 4 de abril de 2010

Parte 2: Da Escolha do Nome e Outros Detalhes Importantes

Publicado no jornal "Conhece-te a ti mesmo" ed. abril 2010.

Integrantes escolhidos, estilo delimitado: bem-vindo ao mundo Metal!

Mas, qual será o nome da banda?

A resposta a esta pergunta é realmente difícil, você vai ver. Nomes legais e marcantes não andam assim dando sopa então vai demorar um tempinho até que vocês se decidam.

Não deixem de ensaiar por causa disto – comecem logo. Preferencialmente, escolham uma ou duas músicas de fácil execução para descobrir como vocês vão funcionar como grupo. Algumas sugestões: Paranoid (Black Sabbath), Back in Black ou Hard as a Rock (AC/DC). Se a banda for de adolescentes, alguns dias – talvez dois ou três – bastam para que o pessoal dê conta do recado. Se a banda for de adultos, calcule, aproximadamente, uma música por semana – o tempo fica mais curto depois que a gente cresce.

Há hoje em dia, um programinha que é uma mãe para guitarristas e baixistas: o GuitarPro. Nele você consegue ver as músicas em todos os detalhes e tirar o passo-a-passo. Só não deixe de treinar também o ouvido – nem tudo que você vai querer tocar está disponível no programa, é claro.

Iniciem os ensaios com paciência e toquem as músicas até que elas estejam bem executadas – lembre-se que, especialmente em se tratando de fãs do Metal, eles são bem chatos e detalhistas, e não vão perdoar se você dilacerar a música ou se não tocá-la apropriadamente. Preste atenção aos solos: tenha a certeza de que todos os candidatos a músicos tenham tirado suas partes corretamente - lembre-se aidna que não apenas os guitarristas fazem solos. Se você observar bem, há passagens importantíssimas de baixo em, por exemplo, Smoke on the water (Deep Purple) ou em The Immigrant Song (Led Zeppelin), que se não forem executadas corretamente tiram o brilho da música. E não se esqueça: Iron Man não termina antes do solinho de bateria – não faça como a maioria!

Ao mesmo tempo em que iniciam os ensaios, discutam os possíveis nomes. Fontes comuns de inspiração são nomes de músicas, ficção, Literatura, RPG, etc.

Por exemplo, a Overdose escolheu seu nome, segundo o Bozó, antigo vocalista da banda, pensando em algo que fosse impactante tanto no Brasil quanto fora dele. Já o Manowar, utilizou o nome de um cavalo de corrida – mas que também quer dizer algo próximo a navio de guerra medieval, os chamados Man-o’-war. O Blind Guardian, por exemplo, já escolheu um nome com uma temática bem RPG – temática esta que eles mantêm em suas letras.

E, claro, fugindo do estereótipo fajuto de que banger é inculto, há ainda o Paradise Lost, cujo primeiro LP, o Lost Paradise possui inspiração em Milton e seu óbvio Paraíso Perdido.

Assim, o que sempre se vê em relação aos nomes de bandas relacionadas ao Rock and roll é que são buscadas epítomes fortes, capazes de, além de sintetizar, chocar ou de transmitir em poucas palavras o espírito da banda. Não raro, há bandas que trocam de nome optando por outros mais impactantes: foi o caso do Black Sababth, que iniciou a carreira chamando-se Earth.

Lembre-se também que se pode chocar pelo inesperado, como a brasileiríssima Azul Limão, que apesar do nome colorido, tocava metal pesadíssimo com letras falando de ocultismo. A própria banda contou em entrevistas que, às vezes, alguém os contratava considerando apenas o nome – e eles assustavam toda a platéia com seu rock pesado e altíssimo.

De qualquer maneira, o que deve ficar bem claro é que o nome é importantíssimo – escolham-no com cuidado e sem pressa.

Logo após a escolha, providencie a parte de divulgação – toda banda tem que ter alguém responsável por detalhes relacionados aos shows e a tornar conhecido o nome de vocês. Na Achilles quem faz isto é a Bárbara Dutra, a namorada do Ícaro, um dos nossos guitarristas.

Ela é responsável por cuidar do contato via internet com pessoas interessadas tanto em contratar nossos shows quanto em comparecer aos nossos shows – organiza ainda especiais, quando vamos tocar fora. Cuida da nossa comunidade do Orkut e também do nosso perfil, além de resolver todas as questões que envolvem a banda: negociar camisas, confecção de bandeira, etc. Ela é, realmente, um sexto elemento.

Toda banda precisa de alguém animado e envolvido como ela. Como disse o Paulinho Caetano, da excelente Witchhammer no documentário Ruído das Minas: o sucesso da Sepultura se deve ao fato de que eles tiveram sorte, claro, mas também trabalharam duro na divulgação do nome e trabalho da banda – coisa que outros precursores do metal brasileiro deixaram de fazer.

Mas é sempre bom ressaltar – o importante é o que vocês fazem musicalmente – o que são capazes de tocar. Então, mesmo cuidando de uma possível “imagem” não se esqueça de que o que realmente atrai as pessoas é a música – então treine bem, incansável e persistentemente. Enquanto seus guitarristas não estiverem reclamando de bolhas de sangue, seu baixista não perder a sensibilidade nos dedos da mão esquerda e seu baterista não precisar de esparadrapo nos dedos, vocês, provavelmente, ainda estão precisando ensaiar mais. Quanto ao vocalista, se ele reclamar de qualquer dolorimento ou queimação, aí, já é caso de cuidar melhor da voz. As pregas vocais, ao contrário dos dedos, não podem desenvolver calosidades.

E, como dizia o Maestro Oliveira, regente do coral do Colégio Municipal de Belo Horizonte, do qual fiz parte por 7 anos: uma música só está suficientemente ensaiada quando, por mais que você a ame, não agüenta mais tocá-la.

Por hoje é isso. Até a próxima coluna, dê uma reforçada nas suas influências: escute os CDs Sign of the Hammer (Manowar), Dirty Deeds Done Dirt Cheap (AC/DC), Open the Gates (Manilla Road) e o brasileiríssimo Meu Mal (Baranga).

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