Há um tempo devido às correrias deixei meu blog esquecido – vida de professor não é fácil, apesar de que dizer isto, é chover no molhado.
Entretanto, senti a coceirinha nos dedos e o chamado do teclado de maneira irrevogável essa semana quando li os infelizes comentários de Cláudia Leitte, os quais ela fez movida pelas vaias que recebeu após sua apresentação no Rock in Rio – que há muito foi descaracterizado e que, na minha opinião, deveria ser chamado de Pop in Rio.
Não gosto de basear minhas opiniões no disse-me-disse, então corri ao blog da cantora para ler, por mim mesma, o que ela havia escrito – além de consultar vários comentários, posts e etc.
E lá, em seu blog, ela fala que quem a vaiou foram fãs de John Coltrane, Metallica e Led Zeppelin que, supostamente, se sentiriam superiores a quem gosta de Axé e por isso manifestaram-se contra ela.
Primeiramente, gostaria de lembrar que no dia da apresentação da mencionada cantora na programação constava Paralamas do Sucesso, Titãs, Milton Nascimento, Maria Gadu e outros – nenhum deles artista de Heavy ou Thrash Metal – como Led Zeppelin ou Metallica. Também não se apresentou nenhum artista de Jazz, como John Coltrane.
Assim, obviamente, ela foi vaiada por quem, no máximo, curte Pop-rock e MPB, já que os aficionados ao som mais pesado estavam presentes no Domingo, diga-se de passagem, dia de maior venda de ingressos do evento.
Não quero dizer que se houvesse ali banda pesada naquele mesmo dia os headbangers não teriam participado da vaia – a questão é que, por justiça, não se pode acusar todo um segmento de participar de uma manifestação se este segmento, no caso os headbangers, simplesmente não estava representado em tal manifestação.
Para quem é do movimento Heavy Metal e participa de seus eventos e conhece o estilo sabe que bangers não se dariam ao trabalho de estar na frente de um palco, no meio do aperto da multidão, característica de qualquer show grande, para ver bandas que não curte – o caso das mencionadas.
E olha que não estou nem discutindo música!
Porque, se começar a fazê-lo, eu, que tenho uma banda por diversão, mas conheço pessoas que vivem de música, sei que um show de Heavy Metal, mesmo que cover, não se prepara de um dia para o outro. O contrário do que se pode dizer do Axé e da maioria dos Pop-Rocks que se vê por aí, uma vez que já vi músicos da noite preparando set de 40, 50 músicas, sob pedido, de uma semana para outra – e sendo super aplaudidos e recomendados.
Por que eles podem fazer isto? A resposta é a mais óbvia: estes estilos exigem menos dos músicos com relação à preparação e conhecimento do instrumento já que são muito mais simples, com linhas melódicas óbvias e repetitivas.
Quem trabalha com música sabe – e creio mesmo que a própria Cláudia Leitte saiba, afinal já foi cantora da noite – que o afirmado por mim é verdade. Se defender o contrário bato o desafio com quem quiser: gaste duas semanas da sua vida e tente preparar ao longo da primeira apresentação de 2 ou 3 horas, como é comum na noite, de Axé e Pop. Depois, na segunda tente fazer o mesmo com Heavy ou Thrash Metal e veja qual apresentação ficará pronta e qual, definitivamente, não ficará.
Mas, ainda, retomando a questão do preconceito, que me ofendeu pessoalmente – porque ao acusar pessoas que gostam de Metallica e de Led Zeppelin de nazistas, ela acusa a mim, já que sou fã de ambas as bandas e de muitas outras semelhantes.
A palavra preconceito é auto-explicativa: é um conceito feito sem estudo ou cuidado, provavelmente baseado em falsas informações – porque se fosse o contrário seria conceito e não pre.
Assim, quando a cantora afirma que os headbangers a vaiaram – porque quem curte as bandas que ela mencionou somos nós, apesar de não exclusivamente – comparando-os com Hitler ela é preconceituosa já que levada, talvez pelo falso nome do evento: Rock in Rio, ela creu que fãs do estilo estariam lá se manifestando.
Se algum banger estava lá, de frente para o palco mundo no show da Cláudia Leitte que se manifeste, porque eu, apesar de conhecer vários que foram ao Rock in Rio no Domingo e ficaram lá, de frente para o mesmo palco, não conheço nenhum que o fizesse no dia da abertura.
Afinal, o que fariam fãs de Led Zeppelin ou Metallica e mais John Coltrane lá, assistindo Pop-rock e Axé? Só mesmo alguém que baseia suas opiniões no disse-me-disse e não nos fatos poderia falar uma asneira dessas.
E mais – ela diz que a batemos palma para quem nos mostra a bunda – afirmo-lhe Cláudia Leitte: prefiro antes de tudo a bunda do Angus Young (pelada ou com a bandeirinha do Brasil) do que a sua “música”.
E digo mais: no dia em que ela fizer uma música que dure 20, 30 anos como os músicos que ela citou, e não apenas um verão como as de Axé, eu calo minha boca.
Com relação ao comentário de Rita Lee, que disse que "cantar em ninho alheio não é coisa pra maricas" concordo plenamente - mas que se aguente as consequências quando, nem mesmo quem gosta de estilos menos exigentes musicalmente, que estavam presentes na hora da apresentação da cantora, suporta sua música.
* PS: Não tenho nada contra quem goste de Axé ou Pop-rock, nem qualquer estilo de música – cada um gasta seu dinheiro com a porcaria que lhe apetece. Eu mesma gosto de algumas farofas. Mas não me venha ofender que a resposta vem sem demora!
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