Coluna publicada no jornal "Conhece-te a ti mesmo", ed. Janeiro 2010.
Desde a minha época de adolescência, estive muito envolvida na cena underground, acompanhei o nascimento e ocaso de muitas bandas de rock and roll – seja de punk, thrash, hard ou do meu estilo favorito, que não é nenhum segredo, o heavy metal.
Muitos destes projetos, em sua maioria desenvolvidos por adolescentes, terminavam em pouco tempo sem, na maioria dos casos, terem feito sequer um show: uma apresentação que mostrasse o trabalho fruto das noites e fins de semana de ensaios em que a família, resignadamente, agüenta a barulheira dos não raro destreinados “músicos”.
Já outras, tendo os mesmos adolescentes à frente, iniciavam-se nas garagens e de lá saiam para os palcos do mundo, como a Overdose, o Sepultura e a Angra (só para citar algumas). Presenciei algumas vezes o sucesso de bandas na cidade onde nasci e passei toda a minha adolescência, Belo Horizonte, que, não por acaso, é conhecida mundialmente como a capital brasileira do Metal. Não há que se negar que é nessa fase da vida, a adolescência, que temos realmente tempo para acompanhar ensaios de várias bandas, shows, etc.
Mas, antes de continuar, é importante que se esclareça que o sucesso é sempre uma questão de parâmetros – de quais planos se desejam executar quando se forma uma banda.
É certo que na adolescência todos desejam ser rock stars, assim como aqueles que sonham com moda desejam estar em passarelas de Paris... Tudo é delimitado pelo sonho.
Entretanto, para a maioria deles é suficiente que consigam mostrar o fruto de seu esforço em palcos menores, na própria cidade onde a banda foi formada. E ainda, para outros, os quais nem todos estão mais na adolescência, a música é um hobby que serve como válvula de escape para as tensões da vida e do ambiente de trabalho – é justamente entre estes que me incluo, e estão incluídos todos da minha banda, a Achilles.
Para estes, o conceito de sucesso está tanto na satisfação pessoal quanto na repercussão positiva do trabalho entre outras pessoas, fãs do mesmo estilo. A satisfação pessoal está relacionada a tocar corretamente músicas que se ouviu e se admirou a vida toda, a maioria delas de nível difícil, no caso do heavy metal que é o estilo ao qual vou me referir com freqüência, já que é o que venho acompanhando de perto há décadas.
O que eu sempre percebi, porém, é que quando se falam em bandas, a maioria das pessoas enxerga sempre algo amador, quase que uma brincadeira. Se a banda não está na televisão, ou se não está “bombando” no youtube, se não está fazendo dinheiro, não costuma ser encarada com seriedade pelos que cercam os candidatos a músicos. Muitas vezes, o projeto de banda não é visto com seriedade nem pelos próprios músicos.
É necessário que se esclareça que esta é uma perspectiva incorreta – como a maioria dos jogos ou divertimentos em grupo, apesar do tom leve, é necessária muita seriedade, comprometimento e trabalho sério para que funcione. No caso de uma banda, funcionar significa passar da fase do “arranhar” músicas para o realmente tocá-las.
Mas, então, como se faz uma banda?
É exatamente sobre isto que vamos falar nesta coluna: sobre todos os aspectos envolvidos em se montar uma banda, com seus amigos. Como selecionar instrumentos, programar ensaios – tudo, tendo como base a minha experiência com a minha própria banda. A Achilles é minha segunda tentativa e já dura cinco anos. A primeira ficou para trás, na adolescência.
De quebra, vamos falar de influências: afinal, é tendo as boas influências como base é que se conseguem “cavar” como mineradores até que se encontre um estilo próprio e se possa partir para a composição. Assim, como não poderia deixar de ser, falaremos do bom e velho metal – o estilo musical do qual fazemos cover e que tem influenciado gerações.
Então, falaremos de bandas grandes, bandas pequenas, bandas que deram certo, bandas que não deram certo, de instrumentos, de viagens, de shows, de patrocínio – já temos no forno, preparadas, entrevistas com integrantes e ex-integrantes de bandas que fizeram sucesso mundial – tendo como objetivo mostrar que música, sendo ou não de brincadeira, será sempre uma coisa séria.
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