quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O bom e velho Metal à brasileira

Se perguntarmos a bangers brasileiros com relação a nomes de bandas de metal e suas vertentes que seriam referência para eles, quais as possíveis respostas? Muito provavelmente Black Sabbath, Iron Maiden, Megadeth, AC/DC, Led Zeppelin, Exodus… Se a questão envolver nomes de músicos, ouviremos, provavelmente: Ronnie James Dio (Black Sabbath e solo), Joe Satriani, Steve Vai, Geezer Butler (Black Sabbath), Geddy Lee (Rush), Neil Peart (Rush), John Bonham (Led Zeppelin), e a lista continuaria ainda…

É engraçado como as respostas a perguntinhas básicas que envolvem influências, ou seja, as bandas ouvidas pelos apreciadores do estilo, nos mostram como as nossas referências em termos de rock and roll e metal andam carecendo de um pequeno detalhe: nomes próprios. Sendo assim, é impossível que não se questione se tais nomes e influências inexistem em nosso cenário.

Em outras palavras: se o nosso panorama musical resume-se à boa MPB; à dita MPB (aquela de péssima qualidade que envolve uma profusão exuberante de bundas); ao pop rock, excluindo totalmente o rock tradicional e suas vertentes como o heavy, thrash (que não quer dizer lixo como ignorantemente alguns afirmam, e sim mexer-se, revolver-se), death, power, punk, folk.

Se, neste momento, a curiosidade mexeu com seus intestinos e te fez procurar, você vai perceber que, mesmo executando uma busca pouco profunda, essa tese de que sofremos de carência crônica de nomes cai por terra. Ao mero ato de digitar “metal brasileiro” no google abrem-se magicamente dezenas de direcionamentos para links relacionados ao metal e vários deles conduzem a páginas que mencionam nossas bandas de metal.

Pipocam nomes como Dorsal Atlântica, Overdose, Sepultura, Sarcófago, Chakal, Viper, The Mist, Azul Limão, Witchhammer, Holocausto – para mencionar apenas algumas das consideradas precursoras do movimento metal no Brasil.

A excelente Overdose chegou a fazer sucesso mundial nos anos 80/90 – e, uma curiosidade: o primeiro LP deles Século XX (1985) foi lançado em conjunto com o primeiro do Sepultura Bestial Devastation (1985) por motivos financeiros: nenhuma das duas bandas tinha dinheiro para bancar a produção de um Long Play por conta própria. Já são lendárias as histórias de que os fãs de Sepultura arranhavam o lado do Overdose, enquanto os fãs dos últimos faziam o oposto. Segundo consta, eu tenho um dos que escaparam à “ferocidade” da época, ainda orgulhosamente intacto. Quanto ao Chakal, pude presenciar um show deles em 2008 e, na ativa, continuam fiéis ao nome que construíram.

Em relação ao Dorsal, o Dividir e Conquistar (1988) permanece como um marco no metal brasileiro.

Dentre estas bandas, podemos pescar músicos respeitáveis como o Bozó, vocalista do Overdose, cuja foi e é uma das minhas influências, quando canto. Pit Passarell, baixista do Viper, Jairo Guedez (que já marcou presença em três: Sepultura, The Mist, Overdose), Paulinho Caetano (Witchhammer) e muitos outros, em uma lista também longa.

Eles contribuíram e ainda contribuem com o cenário Rock/Metal brasileiro constituindo-se como influência para, pelo menos, duas gerações – chegando à terceira (que inclui pequenos como meu Achilles, que tem nove anos, mas conhece mais de bandas brasileiras do que muitos marmanjos que fazem aquela cara de interrogação quando ele pergunta coisas como: “Você já ouviu Carro Bomba?”).

Estes músicos, “das antigas”, têm seu legado respeitado e vêem a continuidade de seu grande trabalho em bandas mais recentes como Tuatha de Danann (que já se apresentou em Lafaiete com seu folk metal), Krisiun, que produz death metal de respeito internacional desde 1990. Este fato é comprovado pelas excursões em shows próprios e em conjunto com bandas cujos nomes já são clássicos como o Kreator.

Além deles, não se pode esquecer do Concreto, há anos na estrada produzindo o bom e velho rock and roll, com trabalho autoral de qualidade e Cds primorosamente acabados (apesar de que nem todos encaixam-se na definição de metal).

Para mencionar ainda algumas bandas a cujos shows assisti recentemente, deve-se falar de Baranga e Patrulha do Espaço. Esta última, já há anos na estrada, continua com uma pegada forte e um show eletrizante. É só falar neles que eu começo a cantar: “Desce o véu no meio da noite/ Dois olhos brilham na escuridão (...)” – Olho Animal que é, de longe, minha favorita deles.

Então, que elas existem, existem. Que os nomes são de peso, são.

Então, porque estão tão distantes do público aficcionado?

A resposta é simples e triste: não valorizamos devidamente nossa própria produção. É algo como dizer que a grama do vizinho é mais verde e que a mulher dele é mais gostosa. Assim, nossas bandas carecem de apoio e dinheiro o que faz com que se desintegrem deixando, muitas vezes apenas saudades e belas músicas.

Cabe a nós, portanto, fãs do estilo cuidar para que, quando merecedoras dos nossos ouvidos, não deixemos de dar nosso suporte e de tê-las e a seus músicos como nossas referências em conjunto com aqueles outros nomes mencionados no início. Assim, garantiremos que, em acréscimo aos importados, tenhamos sempre o bom e velho metal à brasileira.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Carta ao Jornal "Correio da Cidade"

Publicada em 20/12/2009
Sr. Editor,

Venho demonstrar minha total indignação com relação à propaganda da SINCOL, veiculada há vários meses por vocês ( essa semana presente na Seção Comunidade, página 22). Tal propaganda é inconstitucional já que afirma que "o preço justo" da passagem será apenas alcançado quando "todos" pagarem pelo transporte.

Tal afirmação descuidada é inconstitucional já que posta-se contra direitos garantidos pela lei máxima desse país, reassegurados, por exemplo, pelo Estatuto do Idoso e reafirmados recentemente pelo STF. É de conhecimento geral, portanto, que idosos e deficientes (para estes últimos o direito é garantido pela Lei Municipal 4691/2005) possuem direito à gratuidade no transporte coletivo urbano - que, no caso de Lafaeite possui suas empresas representadas pelo SINCOL. Desta forma, como o SINCOL não ignora, nem todos têm que pagar sua passagem.

Com essa propaganda tendenciosa, tal sindicato, além de demonstrar profundo desrespeito pelas leis que regem esse país, ainda faz uso indevido do poder de comunicação desse veículo respeitado na cidae, para defender posição ilegal - e, mais uma vez reforço: inconstitucional. Como meio formador de opinião e jornal de maior circulação do município, tal propaganda mostra-se altamente prejudicial incentivando o desrespeito aos cidadãos que contam com a proteção do Estado e do município: ou por já terem contribuído sobremaneira através de anos de trabalho ou por possuírem deficiência.

Já é desrespeito suficiente que seja exigido dos idosos que façam carteirinha junto à empresa de coletivos urbanos - já que, legalmente, bastaria que eles apresentassem a carteira de identidade para comprovar sua idade para obter a gratuidade no transporte. Eu mesma já presenciei uma cobradora da empresa Presidente exigindo dinheiro de um senhor de mais de 65 anos, já que sua famigerada carteirinha eletrônica, que apenas possui 6 passagens diárias, estava exaurida. Ele não possuía o dinheiro e ia descer do coletivo quando, obviamente, intervim e expliquei ao senhor que ele deveria apenas mostrar sua identidade e que se qualquer funcionário o quisesse barrar que ele acionasse a polícia.

Realmente, tal propaganda em conjunto com o comportamento da empresa de transportes - executado por seus funcionários como exemplificado - são a gota d'água e servem apenas para demonstrar o quanto é necessário reformar a mente das pessoas que pretendem gerir os serviços públicos prestados á comunidade lafaietense.

Em acréscimo, o CONAR, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, em seu código, Seção 3, atigo 23, ao falar sobre a honestidade, diz que a propaganda não pode abusar da "falta de experiência ou conhecimento do consumidor" - algo claramente feito pela propaganda do SINCOL, já que sugere com ela que "todos" paguem passagem para benefício da população - quando existe legislação própria que garante o direito de gratuidade no transporte coletivo, para aqueles, merecidamente, protegidos pela lei.

Mesmo uma rápida análise da mencionada propaganda demonstra como, em seu intuito de formar opinião contrária à lei, o SINCOL age de maneira leviana podendo levar áqueles que desconhecem a lei a crer que realmente estão sendo lesados quando alguém que, ao utilizar seu direito, não paga passagem. Ainda no artigo 45 do mesmo código, o órgão responsabiliza igualmente agências e veículos de comunicação que publiquem anúncios que firam quaisquer princípios éticos descritos na normatização insituída pelas próprias agências, já que são elas que sustentam o CONAR, estando então os veículos sujeitos às mesmas punições.

Manifestada minha indignação, aguardo a reavaliação desse respeitado jornal com relação à mencionada propaganda, demonstrando a ética e o respeito ao cidadão que sempe foram características desse semanário.

Atenciosamente,

Érica Araújo e Castro

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dia da Raça Negra?

No dia 20 de novembro, no Brasil, comemora-se o dia da Consciência Negra. A data foi escolhida para homenagear Zumbi dos Palmares, cujo rosto real jamais conheceremos, mas que destacou-se por comandar o quilombo dos Palmares até sua extinção – um verdadeiro massacre que culminou com a morte do herói que dedicou-se a preservar a liberdade dos seus.

Obviamente, não é apenas em uma determinada data que se devem pensar nos excluídos: seja essa exclusão devida à orientação sexual, sexo, cor, etnia, religião ou quaisquer outras formas de preconceito. Entretanto, quando a data existe, que seja usada para a reflexão, que é exatamente o que proponho que façamos agora.

Para falar de um dia que muitos entendem como sendo de exaltação da raça negra, gostaria de falar primeiramente sobre o conceito de raça.

É preciso esclarecer: discussões sobre raça tem-se dado principalmente sob dois parâmetros – o filosófico/social e o científico. O primeiro é pautado, principalmente, na maneira como pensadores hodiernos enxergam o tema – dentre eles há nomes que vão de Hitler a Malcom X, passando por outros menos relevantes. O que se observa sempre é um pensamento panfletário entre aqueles que querem o entendimento da palavra “raça” como sendo ligado à separação. Ou seja, afirmam “eu e os meus (de minha raça) somos diferentes de você e os seus (de sua raça)”. Segundo estes, os seres humanos dividem-se em raças que são definidas segundo, basicamente, a sua origem étnica e/ou a cor de sua pele.

Tais pensamentos de exclusão – em vez de “todo”, “coesão” – levaram a genocídios como a tentativa de extermínio de judeus durante a Segunda Guerra – onde arianos (brancos alemães) massacraram judeus (brancos, muitos também alemães, mas Da etnia judaica). Levaram também ao genocídio em Ruanda onde africanos da etnia hutu dizimaram famílias inteiras da etnia tutsi, vista como rival – outra vez pessoas que possuíam a mesma cor de pele, dessa vez a preta, digladiaram-se em torno de uma divisão segundo a qual determinada “raça” é mais merecedora de bens, terras, oportunidades. Estes mesmos mencionados pensamentos de separação levaram ainda às crenças pseudo-cientificas como a Eugenia, cuja aplicação no Brasil sugeria um “branqueamento” de nossa sociedade, já que as características do povo branco seriam as melhores.

Como se pode facilmente observar, tais conceitos que preveem a separação de seres-humanos em raças – seja para exaltar uma ou referir-se pejorativamente a outra - não passa de uma suavização das mesmas crenças que levaram aos campos de concentração e ao genocídio.

É por isso, e por fatos que ainda mencionarei, que prefiro me ater à definição científica de Espécie e Sub-espécie (raça). No livro Zoologia (Valdir Fernandes) lê-se que “Espécie é um conjunto de seres semelhantes que, quando cruzados, produzem prole fértil, isto é, descendentes capazes de reproduzir-se”. O livro continua explicando que “os indivíduos de uma espécie são subdivididos em grupos menores, as sub-espécies, raças, ou variedades, que diferem entre si, geralmente, como resultado de uma distribuição geográfica diferente.”

Assim, cientificamente, não existe uma única raça branca, ou preta, ou indígena, ou oriental ou quaisquer outras quando se referem aos homo sapiens, nome científico de nossa espécie. Antes, existem muitas raças de seres-humanos de cor branca, muitas raças de humanos de cor preta, muitas indígenas, muitas orientais e assim por diante. Cientificamente, cada povo separado geograficamente do outro pode desenvolver características diferentes, tornando-se assim uma nova raça.

Inteligentemente percebe-se então que o nosso país, além de receber muitas raças, que em sua maioria eram brancas e pretas, devido às suas dimensões continentais e à cultura da miscigenação que juntou no mesmo caldeirão colonizadores, escravos e nativos, é formado por dezenas, talvez centenas de raças. Vê-se assim, grupos brancos cujas características e localização os tornam uma raça diferente de outros grupos brancos que residem em localidades separadas geograficamente. O mesmo acontece com grupos pretos espalhados. Se tais grupos, sejam brancos ou pretos, estiverem ainda em condições de pouca comunicabilidade, vão-se perceber as diferenças culturais acrescidas às particularidades físicas que, certamente, fariam a felicidade de etnólogos e etnógrafos que se dispusessem a estudá-los.

Quanto à afirmação de que pessoas da cor preta são mais alvo da discriminação social sofrendo de baixa escolaridade e seu consequente sub-emprego ou desemprego ela é verdadeira apenas se se incluírem aí todos os mestiços – dentre os quais eu me incluo, já que devido a minha ascendência possuo características tanto de brancos quanto de pretos e indígenas – que sofrem dos mesmos males. E que aqueles que querem defender sistemas de cotas para os que possuem determinado tom de pele baseando isto em “erros históricos” eu pergunto: como separar, em um povo mestiço, aqueles que descendem ou não de escravos, se, muito possivelmente, a quase totalidade da população – seja ela branca ou preta – descende de ambos: tanto dos que brandiram o chicote quanto dos que foram chicoteados? (É claro que dessa afirmação excluem-se aqueles poucos grupos indígenas ou quilombolas que, devido ao seu isolamento, são fruto de um único ramo genético. Para esses a lei, merecidamente, devido à sua condição especial de acesso restrito ou nulo à educação, já reserva cotas há anos).

E pergunto mais: como explicar aos indivíduos de cores diferentes, que vivem nas mesmas subcondições, expostos à mesma precariedade de educação e subsistência que alguns, por terem pele mais escura, são passíveis de receber subsídio governamental sob forma de bolsa de estudo enquanto outros, por serem de pele clara, não? Mas isso é assunto para ser discutido em crônica futura.

Voltando ao dia da Consciência Negra, seria mesmo necessário que se separasse um dia para que se lembrem feitos de pessoas de pele escura, com o objetivo de ressaltar a cultura advinda dessas raças, originárias da África, fruto de sua mistura com as demais raças presentes no Brasil?

Enquanto alguns afirmam que não – eu digo que SIM. E infelizmente! O fato é que no Brasil não existe apenas o preconceito social – existe a discriminação de cor, sim. (Creio que ficou mais que claro que, sob o ponto de vista de quem defende a definição científica para raça, o preconceito é de cor já que povos de raças diferentes, mas de cor idêntica ou parecida, são objeto do mesmo preconceito).

Digo que infelizmente deve existir porque, apesar de vivermos em uma nação multicor, qualquer desavisado que pegue um livro de história vai achar que pretos e mestiços são a minoria em nossa população – não a maioria. Esse fato, sozinho, demonstra o quão pouco valorizamos as nossas raízes multi-étnicas.

Eu, mestiça, não me reconheço como participante da História de meu próprio país! Não vejo lá todos os meus antepassados representados: apenas uma parte deles. Pretos e mestiços, quando mencionados, o são apenas de passagem e, quando são heróis modernos, tendem a morrer esquecidos como João Cândido Felisberto (que é claro, você sabe quem é – ou não?).

O sonho de Martin Luther King de um mundo onde as pessoas fossem julgadas apenas pelo seu caráter, ainda está longe de se concretizar. Isso ainda é verdade no Brasil, para minha máxima vergonha. Escapa-me o motivo de enxergar de maneira diferente àqueles pertencentes à nossa mesma espécie, fruto do mesmo caldeirão cultural que gerou a todos.

Porém, faz-se necessário que se comentem os chamados movimentos afirmativos ou a maioria dos ligados à dita raça negra. Dita raça porque, como esclarecido, não há uma só raça – qualquer que seja a cor da pessoa que se queira mencionar. (Ainda, é bom lembrar que, devido ao meu desprezo pela separação de seres humanos em raças (sejam as definições ariana, branca, preta, negra ou quaisquer), enxergo apenas uma diferença marcante entre eles – as várias tonalidades de cor da pele).

Tenho acompanhado de perto alguns desses movimentos – perto o suficiente para saber o que fazem, longe o suficiente para não me envolver no preconceito pregado por alguns. Espanta-me como alguns defendem a superioridade da “Raça Negra” – utilizando-se do mesmo preconceito de que foram alvo, só que inverso.

Certa vez, ainda em Belo Horizonte, li no jornal uma entrevista de uma senhora, líder de um desses movimentos, que afirmou categoricamente que não gostava que suas netas namorassem brancos, pois enfraquecia a raça. Não foi essa a afirmativa de Hitler quando quis “limpar” a Alemanha?

E mais, meu marido, em ocasião passada, mestiço como eu e a maior parte da população brasileira – mas que é chamado de branco devido ao tom claro de sua pele – ao trabalhar de segurança em firma de um amigo chegou a ser ignorado por outros, de cor preta, que cumprimentavam-se pegando nas mãos uns dos outros, mas que o saltavam, como se ele não estivesse ali. E mais: o coordenador do grupo chegou a ser questionado do motivo de estar trazendo brancos para trabalhar no meio deles. Como se a lei contra a discriminação, ou o senso ético que despreza qualquer tipo de preconceito funcionassem como via de mão única!

Não é incomum que se vejam pelas ruas camisas com escritos “100% Negro”. Gostaria mesmo de ver o semblante dessa pessoa ao ser confrontada com a mistura genética que, quase certamente, constitui seu DNA. Vi uma entrevista de um africano, Ibrahima Gaye que disse o que eu realmente sinto: que alguns movimentos afirmativos estão criando pessoas híbridas – que não pertencem nem a seu país e nem à África. Que antes de tudo, tais pessoas deveriam enxergar-se como brasileiros.

Chega a ser duro ouvir isto de um estrangeiro: que nossa nação está carecendo de identidade.

Assim, vê-se que é preciso valorizar as nossas raízes multiculturais – faze-la presente em nosso sistema escolar para que os brasileiros de todas as cores sintam-se parte deste país – e se vejam como brasileiros. É ainda preciso proteger aos pobres e àqueles que possuem acesso restrito à educação possibilitando-lhes caminhos que, de outras formas, estariam a eles vedados – mesmo que através de cotas limitadas em universidades e de emprego.

Mas, mais do que isso, é preciso que os brasileiros se enxerguem como iguais – frutos de um mesmo contexto histórico-social, independentemente de qual seja o fenótipo, de qual cor seja a sua pele. Só então seremos, realmente, uma nação.

* Abaixo uma definição de raça, segundo consta no dicionário Priberam (online). Se você não é um boi ou um cavalo, espere que concorde com eles e comigo. Ou que concorde com a Margareth Menezes (cuja voz, realmente, é divina, em entrevista ao Serginho Groismann em seu programa Altas Horas, comentando sobre a forma distorcida que determinados movimentos dogmatizam seus adeptos): “Pertencemos todos è mesma Raça – a humana.”.

raça
s. f.
1. Grupo de indivíduos cujos caracteres! biológicos são constantes e se conservam pela geração: Raça branca, raça amarela, raça negra, raça vermelha. (Os progressos da genética levam hoje a rejeitar qualquer tentativa de classificação racial.) = CLASSE, DESCENDÊNCIA, ESTIRPE, FAMÍLIA, GERAÇÃO, LINHAGEM
2. Subdivisão de uma espécie animal: Raças bovinas.
3. Conjunto de ascendentes e descendentes de uma família, um povo; geração.
4. Conjunto de pessoas da mesma profissão, das mesmas tendências: A raça dos poetas.
5. Fig. Casta; espécie; qualidade; jaez; laia.
6. Reg. Réstia de sol.
7. Mínima quantidade de qualquer coisa.
animal de raça: animal de boa origem.
 
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