terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"Vergonhosa falta de transporte escolar em Lafaiete"

Recentemente, deparei-me mais uma vez com o problema do transporte do meu filho: é impossível conseguir van que o leve partindo do meu bairro! Moro no bairro Bela Vista, próximo ao Rochedo, Real de Queluz, etc – e como eu, muitos pais destes mencionados bairros estão passando pela mesma dificuldade: simplesmente não há quem leve nossos filhos.

E olha que eu liguei para mais de vinte pessoas responsáveis por transporte escolar e obtive sempre as mesmas respostas “Bela Vista? Não faço!”, “Está longe da minha rota”, “Colégio Potência? Não faço de tarde.” O único que encontrei que faz transporte partindo do meu bairro não tem vaga desde o ano passado.

Comecei a me questionar: será que há poucas pessoas habilitadas para trabalhar com vans e bestas? Será que não há interesse de trabalhadores em busca de aumentar a frota que faz tal trabalho? Enfim, qual o motivo de já pelo segundo ano consecutivo eu não conseguir transporte para meu filho?

A resposta me apareceu quando pensei ter resolvido meu problema: consegui entrar em contato com um rapaz, o qual chamarei José, que estava adquirindo sua própria van para trabalhar. Contratei seus serviços na hora, pensando ser benção dos céus. Ele havia me explicado que a licença estava para sair e que já havia conversado na prefeitura e tudo o mais que era necessário – na segunda, dia 06, já estaria com seus papéis na mão.

É impossível dizer o alívio: eu e meu marido trabalhamos fora de Lafaiete – meu marido a semana toda em Jeceaba e eu três dias da semana em Congonhas e os outros dois dias aqui mesmo na cidade. Para mim é um grande transtorno fazer o transporte do meu filho já que meus horários de professora são muito corridos: muitas vezes saio de sala 12h20min para correr em casa, almoçar, levá-lo para a escola (onde ele chega atrasado, obviamente), e pegar serviço em outro colégio.

Mas, meu problema estava resolvido, certo?

Errado! Minhas esperanças foram frustradas quando José me ligou na segunda a noite me informado que seu pedido de licença havia sido negado.

Com base em quê? Em sua falta de habilitação? Não: ele possui a carteira de motorista necessária. Em uma van precária? Não: ele acaba de comprar uma novinha em folha. Falta do curso de transporte escolar? Não, ele também o tem.

Qual o problema então?

A pressão que a associação relacionada aos transportadores de escolares faz na prefeitura para que não libere mais licenças, segundo informações obtidas por mim, informalmente, com vários dos motoristas de vans que tentei contratar para levar meu filho – e que se recusaram. Um deles até me disse: “licença não é fácil de conseguir não: a gente faz pressão pra não liberar, senão atrapalha a gente!”

E a ausência de motoristas para fazer o transporte dos nossos filhos não nos atrapalha? É absurdo que nós pais, fiquemos sem alternativas viáveis para o transporte de nossos filhos para a escola por falta de licenciamento de profissionais, que existem, perfeitamente capacitados para fazer o trabalho.

Isto, sem falar do grande preconceito com relação aos nossos bairros! Moro a doze minutos do centro, mas todos os motoristas de van dizem que é longe demais. A mesma resposta vários pais que conheço receberam.

Então porque não há ação do poder público? Por que as tais licenças não são fornecidas a quem se predispõe a trabalhar?

Gostaria de saber se alguém da tal “associação”, da qual nem o nome sei, muito menos a legalidade, irá fazer o transporte do meu menino para que ele não chegue atrasado todos os dias na escola.

E ainda há quem se sinta no direito de dizer que licenças não podem ser liberadas! Mas eu aposto que os filhos deles chegam às escolas sem problemas.

Conversando com o José, fui informada de que outras pessoas que fazem transporte estão comentando quantos telefonemas em busca de transporte os motoristas já licenciados e trabalhando têm recebido – e que não podem atender: simplesmente não há número de vagas suficientes. Isto o deixa extremamente frustrado: sua van novinha está lá, sem nenhum aluno para levar. Mas ele também disse que não vai desistir.

Agora é torcer para que haja sensibilidade e respeito por nós pais por parte do poder público.

Ou seria pedir demais?

Um comentário:

Fernando Dagatta disse...

Olá. Sei que o post é de 2012 mas vale a pena comentar: Eu também, muito antes (2002) tive o mesmo problema. Hoje, desde 2013 atuando na Prefeitura na nova administração convencemos o Prefeito desse absurdo da lei municipal e está na Câmara um projeto de lei de iniciativa do Prefeito que acaba com a restrição de quantidade de licenças, que estava errado (inconstitucional) na lei anterior. Agora é hora de todos os interessados acompanharem os resultados na Câmara pois a livre concorrência estará garantida. Os pais poderão escolher quem vai prestar serviços a seus filhos em qualquer bairro da cidade.
A partir de agora outras liberdades coletivas e individuais estão sendo asseguradas com nossa auditoria e análise técnica e humana das leis municipais. Está precisando de revisão geral!

 
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