sábado, 29 de maio de 2010

Sobre a organização dos ensaios, equipamento e patrocínio

Elementos escolhidos é hora de marcar o ensaio: segundo a disponibilidade do pessoal, agende, pelo menos, uma vez por semana. E, toda semana, já que vocês ainda estão montando repertório, selecionem uma ou mais músicas e serem tiradas.

Com o estilo definido, é fácil – há inúmeras bandas de qualidade por ai. Hoje com a internet, ficou ainda melhor: pesquisando na rede você certamente encontrará tudo o que precisa. Escolham bem e, para iniciar, ensaiem os medalhões: não há público que não se delicie com eles.

Um conselho: se vocês pretendem fazer músicas, não deixem de variar as bandas cujas composições vocês tocarão, senão, você vai ter o desprazer de concluir que, ao gravar uma música sua, ela ficou igualzinha às músicas da banda da qual vocês fazem cover. Lembre-se: ser influenciado por grandes nomes é algo extremamente positivo, mas plagiar um estilo é decepcionante – tanto para você, quanto para aqueles que gostam da sua banda. Assim, toquem várias bandas, mas, principalmente, escutem várias bandas, várias épocas da mesma banda, etc. Dê elementos para o seu cérebro trabalhar.

Na hora de escolher as músicas, o que sempre funcionou na Achilles foi e continua sendo: cada membro escolhe uma música, dentro do estilo que é o Heavy Metal Tradicional, e ninguém questiona. Colocamos as músicas na ordem em que devem ser tiradas e pronto, no próximo ensaio temos o que tocar porque, mesmo que alguém agarre em alguma, a possibilidade de que todos tirem aproximadamente as mesmas músicas é maior.

Na Achilles somos bem democráticos: votamos para decidir tudo em que não há consenso e todos acatam a decisão da maioria, quer gostem dela ou não. Como todos queremos o bem da banda, obviamente, não existe sabotagem quando a sua opinião é preterida em prol da opinião de outro.

Estando com o mínimo de repertório pronto,por volta de seis músicas que vão garantir cerca de 30 minutos, comece a receber os amigos em ensaios: convide alguns que você sabe que estão envolvidos com o movimento. Faça churrascos colaborativos. Se você já ouviu falar em networking sabe do que eu estou falando: é aquela rede de conhecidos que podem ser úteis a você em algum momento de sua vida profissional. O mesmo se aplica perfeitamente à sua banda: então, cultive amizades tanto com quem gosta de ouvir seu estilo quanto com quem organiza festivais e eventos.

Falando em festivais, toda banda começa tocando neles. Ali você tem sempre cerca de 50 minutos. Para preenchê-los você precisará de aproximadamente 10 músicas, assim, nada de se aventurar e querer tocar antes de ter tudo bem ensaiado e aproveitando bem o tempo. Porém, não é qualquer convite que você deve aceitar: algumas perguntinhas que devem ser feitas aos organizadores: quantas bandas vão tocar? (Se forem mais de seis, é preferível pensar duas vezes). Qual será a posição da sua banda? (Quanto mais para o fim, mais agitado tem que ser seu repertório ou o público vai dormir – ou pior: simplesmente vai embora). Como será o som? (não espere maravilhas, mas, faça a pergunta pelo menos para saber se vocês optarão por usar o som da casa ou preferirão levar o equipamento de vocês).

Mas, também, não seja exigente demais: a cena underground é carente de dinheiro – então estabeleça como padrão o mínimo possível: falantes para as guitarras, para o baixo, em separado e microfones para a as peças da bateria (se o local for maior). Se for pequeno, um microfone no bumbo quebra o galho (não fica grandes coisas, mas “dá pro gasto”).

Com a Achilles, muitas vezes, quando o local é menor e o som é ruim, preferimos usar nosso próprio equipamento. Se o local é grande, os meninos, especialmente os guitarristas, preferem tocar nas caixas deles que têm o som captado por microfones e então amplificado pelas caixas do local. O Sandinho (bt) tem que levar parte do seu material (pratos, caixa, pedal de bumbo e máquina de chimbal)e o Mário (bx) decide de acordo com o que a casa oferece.

Não se esqueça de começar a apresentação por uma música pequena: ela é sua chance de verificar o som e acertar os detalhes com quem está na mesa já que, normalmente, em festivais, quem passa o som é apenas a primeira banda.

Sempre ressaltando: em bandas de metal é inaceitável que o vocalista faça show com a letra – lembrem-se que vocês não são banda de baile: letras devem estar bem decoradas (ou, se você tiver grana, monte um ponto eletrônico, mas jamais, em hipótese alguma, leve as letras e coloque na sua frente, para todo mundo ver). É claro que, se você quiser colocar um lembrete no papel onde vai escrito o repertório, tudo bem, mas nada mais que um lembrete.

Outra coisa que você vai descobrir logo é que banda é hobby dispendioso: equipamento, de uma maneira geral, é bem caro. E, infelizmente, seu som, por mais ensaiado que esteja, não vai realçar se for tocado em equipamento ruim. Então, na hora de comprar, dirija-se a um lugar de confiança onde pessoas que realmente entendam do assunto vão lhe passar instruções e recomendar itens baseado no que você quer.

Por exemplo, quando fui comprar as minhas caixas, eu tinha em mente que queria algo que desse para ensaios e shows menores, com uma potência mínima de 150W rms (aí você percebe a importância de prestar atenção às aulas de física – e quanto mais entender de seu equipamento, mais vai desejar ter estado mais atento). Sabia quais marcas eu não queria, e, ao mesmo tempo, sabia algumas marcas possíveis.

Liguei para inúmeras lojas, pesquisei na internet, estive pessoalmente em várias lojas. Acabei optando por comprar em Conselheiro Lafaiete mesmo, onde consegui negociar bom preço na loja do Juliano (tendo como base os milhares de orçamento que eu havia feito). Lá, ele me indicou uma marca que eu, a princípio não conhecia: a Soundbox. Pesquisei mais e aceitei a recomendação dele – e não me arrependi: minhas caixas são excelentes e servem exatamente para o que eu queria (apesar da “falta de educação” de alguns outros membros da banda que compraram falantes bem mais potentes e que gostam de tocar no talo). Hoje, segundo o mesmo Juliano, a Soudbox já não está tão boa devido a mudanças na estrutura interna da caixa.

Com a bateria do Sandinho foi a mesma coisa – mas esta, compramos em BH. O preço em Lafaiete era impraticável.

A questão é: Escolha bem seu equipamento para ter que comprar uma vez só!

Assim, com o gasto de equipamento e de transporte: não se iluda – para tocar fora de sua cidade o que é normalmente oferecido é uma porcentagem sobre a entrada – você vai se sentir mais confortável se conseguir patrocínio para o transporte.

Para conseguir o tal patrocínio, monte um projeto bonito, bem escrito, com muitas fotos, recortes de jornal mencionando sua banda (se já houver algum) e leve à Secretaria de Cultura da sua cidade ou a lojas e empresas que se interessem em contribuir, especialmente visando os benefícios da Lei Rouanet (Se você não conhece essa lei, dê uma olhada, compensa porque lhe fornece argumentos).

Agora fala a verdade: você nem imaginava que ter uma banda poderia representar tanto trabalho, não é mesmo?

Este mês finalizo a coluna mais feliz: após anos de espera, no mês de maio o Manowar, os auto-proclamados reis do metal (alcunha com a qual concordo), vai fazer show em BH – no dia 09. Advinha quem estará lá?????

Para terminar, vamos às influências: escute o CD Capturados ao vivo (Patrulha do Espaço). Nele você verá o que é competência no palco. Escute ainda Keeper of the Seven Keys (Helloween) além do III e do IV (Led Zeppelin).

Um comentário:

TheSir disse...

Belo post! É bom conhecer os "bastidores" de uma banda! Agora se eu quiser montar uma, não vou me dar tão mal assim, rs...
E quanto as influências: adoro esses albuns! Recomendo a todos tambem!
Abraço =D

 
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